Nutricionistas criticam Ministério da Saúde por parceria com McDonald’s
1/6/2011 15:10, Por Redação, com RBA - de São Paulo
A adesão da rede de lanchonetes McDonald’s a campanhas do Ministério da Saúde e sua classificação como “empresa amiga da saúde” pela pasta gerou protestos de ONGs e de especialistas em nutrição. Professores universitários da área pedem a desvinculação da pasta de “produtos e campanhas” da empresa.Depois de aderir às campanhas, a rede de fast foods passou a estampar em suas toalhas de bandeja material educativo elaborado pelo Ministério da Saúde, junto com o lema “Amo muito tudo isso” e a marca da empresa. No verso do material, o McDonald’s também incluiu o cardápio da rede e informações nutricionais.
Por telefone e em nota, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde esclareceu que o foco da cooperação entre o órgão e diversas empresas no país é ampliar o número de pessoas atingidas por suas campanhas. Em nenhum momento o órgão endossa práticas e condutas das empresas.
“O Ministério da Saúde mantém parceria com 384 empresas brasileiras, de diversos setores, que nos apoiam em iniciativas de promoção da saúde e prevenção de doenças. A participação destes parceiros nos ajuda a ampliar o alcance e a visibilidade de nossas campanhas informativas, mas sem implicar endosso irrestrito do ministério às práticas e condutas das empresas”, informou também em nota.
O material, entregue aos consumidores que se alimentam nas lojas da rede, contradiz a promoção da alimentação saudável e de outras políticas do governo federal, na interpretação de especialistas em saúde e nutrição humana. Para os professores da Universidade de São Paulo (USP) e membros da Academia Brasileira de Ciências, Carlos Augusto Monteiro e César Gomes Victora, acompanhados do professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), membro do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), a campanha da rede “é extremamente nociva” e induz o consumidor a pensar que seus produtos deveriam ser consumidos frequentemente.
“A própria composição nutricional do cardápio da rede McDonald’s, descrita nas toalhas, revela quão enganosa é esta campanha publicitária”, reclama a carta dirigida a Alexandre Padilha, ministro da Saúde. Segundo eles, uma refeição formada por uma combinação padrão da rede – o sanduíche Big Mac, mais uma porção média de batatas fritas, um copo médio de refrigerante e uma porção pequena de sorvete com calda – fornece dois terços do total de calorias que um adulto poderia consumir em um dia. Para uma criança, o valor representa praticamente toda a demanda de energia.
Para os professores universitários, é preciso desvincular a marca da rede de quaisquer ações do Ministério da Saúde.
– Pedimos-lhe que ordene a imediata desvinculação das marcas, programas e imagem do Ministério da Saúde do Brasil da marca, produtos e campanhas da empresa McDonald’s – pleiteiam.
Publicidade perigosa
Em outra carta ao ministro, a Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos também pediu a desvinculação das marcas. “Não se justifica, em hipótese alguma, o Ministério da Saúde associar sua imagem a de empresas como McDonald’s atribuindo-lhes o título de ‘Parceiro da Saúde’, uma vez que a sua principal atividade é a comercialização de alimentos que, em sua grande maioria, fazem muito mal à saúde”, contestou a entidade.
“É necessário cuidado especial com as nossas crianças que devem crescer em um ambiente que favoreça seu máximo potencial de desenvolvimento, o que inclui a garantia da proteção contra os produtos comercializados e práticas de marketing empregadas por empresas como o McDonald’s”, discorreu a Frente.
ENQUANTO ISSO:
Médicos exigem a extinção do palhaço da McDonald's
Carta aberta também pede que a rede deixe de incluir brindes nos lanches infantis, de olho no crescimento da obesidade entre as crianças, que triplicou em 30 anos
DIVULGAÇÃO
Ronald McDonald: rede de fast food diz que mascote está a serviço do bem
Um grupo de religiosas já havia proposto que o McDonald's publicasse na ocasião um documento avaliando sua resposta às "preocupações da opinião pública a respeito da relação entre fast food e obesidade infantil". A carta dos médicos vai além e pede ao McDonald's que deixe de incluir brindes em seus "McLanches Felizes", refeições que contêm sanduíches hipercalóricos e ricos em sal, gordura e açúcar.
A carta faz parte de uma campanha conduzida pela organização sem fins lucrativos Corporação de Responsabilidade Internacional (Corporate Accountability International), conhecida por sua luta para que a marca de cigarros Camel deixe de usar seu mascote, o simpático camelo Joe.
O palhaço Ronald McDonald - que com seus enormes sapatos e cabelos vermelhos enfeita as entradas dos restaurantes da rede - tem sido usado por décadas como um simpático porta-voz corporativo.
Em um comunicado, o McDonald's defendeu seu mascote, seus cardápios e sua política de publicidade. "Como o rosto da Ronald McDonald House Charities (braço encarregado das atividades de caridade do grupo), Ronald é um embaixador a serviço do bem, que dá mensagens importantes às crianças sobre segurança, alfabetização e um estilo de vida ativo e equilibrado", redigiu a empresa. "Servimos alimentos de alta qualidade e nossos 'McLanches Felizes' propõem opções e variedade nas porções adaptadas às crianças", continuou.
A obesidade infantil triplicou nos últimos 30 anos nos Estados Unidos. Atualmente, uma criança em cada três tem
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Médicos querem matar Ronald McDonald
Confira a notícia:
Médicos querem matar Ronald McDonald
Centenas de médicos americanos participam de uma campanha para eliminar ninguém menos que o Ronald McDonald. Além disso, eles estão pressionando a rede McDonald's para deixar de promover seus produtos entre as crianças. Saiba mais na Coluna Infoinveste!
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